terça-feira, 8 de março de 2011

2º DIA DE ENCONTRO

Diálogo sobre a dinâmica dos grupos e relações estabelecidas com a política pública e outros mecanismos











O trabalho do dia iniciou sob a indagação se as companhias, devido ao fato de atuarem em cidades diferentes (Porto Alegre e Rio de Janeiro) enfrentariam realidade diferentes no que toca a condições de produção. A partir desse ponto foram relatadas experiências contidas nas trajetórias de cada grupo, e chegou-se ao seguinte levantamento:
- Houve o reconhecimento de uma alteração histórica na dinâmica de produção observada desde os fins da década de 1980 até os dias de hoje, na qual se percebe a transição de uma forma de captação de recursos mais pessoal com os prováveis patrocinadores, nomeada aqui de “política de balcão”, até uma relação institucionalizada dos editais de fomento. A relação com o empresariado ainda ocorre (em se tratando da realidade de Porto Alegre), ainda que de modo mais esporádico e recoberto de certa ritualização, ao passo que numa cidade como o Rio de Janeiro o trato mais frio com as políticas de fomento dos editais predomina;
- Durante muito tempo as companhias foram sustentadas por esquemas de vendas de espetáculos para escolas, uma vez que desde algumas décadas a bilheteria não se constitui mais numa fonte de renda confiável – sequer considerável para o sustento das companhias;
- As companhias concordam, apesar de se encontrarem em momentos diferentes desse processo de realização, que a figura do produtor das companhias deve ser formada dentro das companhias para que se possa trabalhar a produção em diálogo com as metas artísticas, e com a dinâmica específica do trabalho em uma companhia estável de repertório;
- Uma grande dificuldade apontada pelas companhias está nos modos de equalização entre as condições materiais de trabalho e a dinâmica criativa de suas coordenações artísticas que podem, em meio a um processo, propor alterações na produção que conduzem a desvios complicados em seus planejamentos de produção. Foi mencionado que as condições reais de produção de um espetáculo não podem ser encarados como “percalços” num processo livre de criação, mas de fato, condicionantes estéticos – um espetáculo teatral não se realiza na ideia de um criador, mas no seu contato objetivo com os seus diversos aspectos de realização;
- É necessário para um processo de produção artística um diálogo saudável entre a vontade criativa (um “acelerador”) e a percepção objetiva e crítica dos seus meios de realização (o “freio”);
- Há que se profissionalizar o trabalho da companhia teatral. Uma relação direta com o mercado, entendendo o seu trabalho como produtos a serem oferecidos, requer a aquisição de outras competências ao artista-empreendedor-produtor que dizem respeito ao trato com o seu públicos, que muitas vezes pode ser entendido como sendo o cliente que compra apresentações ou subvenciona produções;
- Acerca do problema do gerenciamento de tempo, energia e atenção posto diante do artista que precisa trabalhar em diversas atividades para manter sua atuação nas companhias, foi evocado o dito de que “quem trabalha muito não tem tempo para ganhar dinheiro”. Ou seja, dedicar-se integralmente à companhia pode significar a possibilidade de uma ação mais propositiva e menos reativa, permitindo planejamento e foco.


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