Uma pequena reflexão sobre a oficina que ministramos em Guaçuí/ES, no XIII Festival Nacional de Teatro.
Creio que concordamos que, dentro da metodologia de ensino das artes da animação teatral, o estudo do comumente chamado 'ponto fixo', constitui-se de primordial importância tanto para os principiantes quanto para os 'iniciados'. Conhecimento basilar, a determinação fictícia de um espaço inalterável localizado num ponto qualquer do espaço propõe um difícil exercício para o ator. Por isso, então, a necessidade de um constante treinamento corporal.
Na oficina que ministramos, surgiu uma definição deliciosa acerca do ponto fixo: um ponto fixo é a soma da imaginação do ator com a investigação que este faz do movimento de seu corpo, para presentificar este espaço estável, fixo e fictício. Com certeza, antes de tudo é preciso imaginar onde está o danado do 'ponto', o local, a parte, o objeto que será 'congelado', ou seja, 'fixado'. Por isso, concordo com Claire Heggen quando ela se refere à 'fixação de um ponto'. Ora, sabemos que é impossível mantermos um estado de imobilidade num corpo alheio tanto quanto simular com nosso corpo a existência desse espaço fixo. Mas aqui, ao falar de treinamento para a fixação de um ponto, referimo-nos à acurácia na realização de um objetivo, mesmo que estejamos perseguindo um ideal. Buscar atingir o ideal de imobilidade é como construir castelos de areia na beira do mar. É um estado efêmero e passageiro. Mas, deve durar o tempo suficiente para fornecer uma nova percepção do espaço pelo espectador. Assim, a imaginação do ator deve poder visualizar e fixar o ponto através de seu olhar. O corpo, a seguir, irá re-configurar seu sistema de mobilidade, fazendo um uso especial, não-cotidiano, das relações de tensão e relaxamento muscular.
Os exercícios com bastões que utilizamos produzem excelentes resultados, a curto prazo, para este aprendizado e treinamento.
terça-feira, 28 de agosto de 2012
domingo, 26 de agosto de 2012
Participação no XIII Festival Nacional de Teatro de Guaçuí - ES
Nos dias 23 e 24 de agosto de 2012 as companhias
Caixa do Elefante e PeQuod participaram do XIII Festival Nacional de Teatro de
Guaçuí (ES), ministrando oficinas sobre trabalho para o ator no teatro de
animação e apresentando um relato das experiências do intercâmbio realizado em
2011.
Guaçuí é uma cidade de pouco mais de
20.000 habitantes situada no oeste do estado de Espírito Santo
(aproximadamente , próximo às divisas com Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Vizinha à cidade de Alegre, sede de um dos mais famosos festivais de música do
país, Guaçuí realizou em agosto de 2012 a 13ª edição do seu Festival Nacional
de Teatro, fruto do trabalho da companhia Gota,
pó e poeira. Os esforços do grupo de teatro da cidade garantiram ao festival
o posto de evento tradicional no calendário artístico do estado, atraindo
produções de diversos estados, sobretudo de companhias jovens. Em 2012 foram
exibidos espetáculos de Vitória, São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, além da
produção local.
As oficinas ministradas em dois dias foram
divididas entre as companhias. Coube à companhia PeQuod o primeiro dia de
atividades, e à Caixa do Elefante o segundo dia.
O tema das oficinas acompanhou de modo
bastante fiel a pauta de discussão encaminhada nas sessões do intercâmbio de
2011, que é o trabalho do ator no teatro de animação, envolvendo questões
acerca da pedagogia do artista, da função do intérprete do teatro de animação
nos processos de criação na linguagem, e das relações desse artista com os modos
de produção e do trabalho dentro do grupo teatral.
Desta forma, os trabalhos privilegiaram
princípios básicos de treinamento do ator no teatro de animação, treinando
fundamentos tais como a concentração, o equilíbrio, o desdobramento da atenção
a prontidão física e a projeção de expressividade, sendo também apresentadas
questões caras ao treinamento no teatro de animação, tais como as noções de
nível, eixo e foco, a criação com material dúctil, e o improviso com protótipos
construídos in loco com materiais
simples.
A oficina planejada e executada na
colaboração entre as companhias adensou a troca de experiências e informações
entre PeQuod e Caixa, mas sobretudo ofereceu ao público presente no XIII
Festival Nacional de Teatro de Guaçuí uma vivência de aprendizado e troca que
se revelaram importantes.
De nossa parte, deixamos a cidade mais
integrados, alimentados em nossas práticas e indagações, e ansiosos por mais
oportunidades como essa.
Bem, agora é a vez de trocarmos idéias por meio dos comentários. Estamos esperando!
Assinar:
Postagens (Atom)