terça-feira, 26 de julho de 2011

PROCESSO CRIATIVO

O que mais me instiga a mergulhar num processo criativo é o prazer de expressar uma idéia e poder compartilhá-la. As idéias são difíceis de serem materializadas, dada sua essência volátil e mutante. Por isso a metáfora ainda constitui-se instrumento eficaz para representar as idéias. Encontrar uma boa metáfora para a representação é garimpar num mar de possibilidades, buscando a pedra bruta que será lapidada para atingir o grau máximo de brilho. E, nesse caso, brilhar é ampliar o rol de significações. A plurissignificação é a novidade que se atualiza constantemente com o olhar. Isso faz com que a obra artística mantenha sempre seu frescor e permita que o observador volte a visitá-la, com o intuito de descobrir algo que lhe escapou num primeiro olhar.
Quando estávamos iniciando nosso processo de ensaio de "A TECELÃ", nossa primeira tarefa foi extrair do texto inspirador as imagens mais remarcáveis. A partir dessas imagens, fomos desencadeando uma sequência de associações buscando atribuir à cena uma pessoalidade na leitura das imagens. Assim, nosso universo íntimo sobrepunha-se às sugestões imagéticas iniciais. Esse processo de trans-criação foi determinante para a elaboração de uma nova dramaturgia, uma dramaturgia que operasse por meio da visualidade, uma vez que optamos por não utilizar texto falado no espetáculo.

2 comentários:

  1. sexta-feira, 22 de julho de 2011
    Teatro/CRÍTICA

    "A tecelã"

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    Cumplicidade e encantamento


    Lionel Fischer


    "O espetáculo é inspirado em alguns mitos que envolvem a tecelagem. A tecelã tem o poder de transformar seus desejos em realidade e, através do ato criativo, vencer a solidão de seus dias". Extraído do release que me foi enviado, este texto nos mostra o caráter, digamos, mágico e lúdico de uma atividade ancestral. Cumpre apenas acrescentar que, no presente caso, a tecelã busca não apenas converter em realidade alguns de seus desejos, mas fundamentalmente o maior deles: criar aquele que seria seu companheiro ideal.

    Eis, em resumo, o enredo de "A tecelã", em cartaz até domingo no Teatro do Jockey. Produzida pela Cia. Caixa do Elefante Teatro de Bonecos (fundada em Porto Alegre, em 1991), a montagem chega à cena com direção e dramaturgia de Paulo Balardim, estando o elenco formado por Carolina Garcia (que faz a protagonista), Viviana Schames e Valquíria Cardoso.

    Mesclando ilusionismo e teatro de animação, "A tecelã" exibe todas as virtudes de um grupo que é considerado, com inteira justiça, como um dos mais importantes da América Latina, já tendo participado de inúmeros festivais internacionais. Mas o que me parece essencial é ressaltar não tanto o perfeito domínio das técnicas utilizadas, e sim a capacidade do grupo de nos converter numa espécie de cúmplices do que acontece em cena.

    Ao invés de assumir a clássica postura de quem assiste a um espetáculo, ao menos no meu caso me vi quase que inserido nele, já que a montagem me estimulou, o tempo todo, a priorizar o lúdico em detrimento do racional. Em nenhum momento fiquei interessado em saber como coisas e pessoas, como que por encanto, surgem e desaparecem do palco, mas sim em torcer para que a protagonista finalmente conseguisse não apenas materializar seu parceiro, mas que com ele pudesse iniciar uma trajetória feliz.

    E quando, ao final do espetáculo, tudo sugere que aquilo que assistimos ficou restrito à imaginação da protagonista, isto para mim foi irrelevante, posto que o essencial fora perfeitamente apreendido. Ou seja: o homem pode sofrer diversas perdas, padecer de múltiplas carências, mas se renunciar à sua capacidade de sonhar, aí sim estará completamente perdido.

    Impondo à cena marcas tão diversificadas como imprevistas, sempre impregnadas de grande expressividade, o diretor Paulo Balardim exibe o mérito suplementar de haver extraído uma atuação maravilhosa da protagonista Carolina Garcia. Atriz dotada de amplos recursos, Carolina consegue materializar todos os anseios, dúvidas e esperanças da tecelã, para tanto valendo-se de um trabalho corporal sem dúvida virtuosístico, mas sempre atrelado aos conteúdos em jogo. E a mesma eficiência aplica-se aos trabalhos de Viviana Schames e Valquíria Cardoso, ainda que os mesmos, dada a natureza do espetáculo, não possam ser rigorosamente particularizados.

    Na equipe técnica, destaco com o mesmo entusiasmo as contribuições de todos os profissionais envolvidos nesta montagem inesquecível - Paulo Balardim (cenografia), Nico Nicolaiewsky (reponsável pela direção musical e belíssima trilha sonora original), Margarida Rache e Rita Spier (figurinos), Bathista Freire e Daniel Fetter (iluminação) e o próprio grupo, pela construção dos lindos bonecos.

    A TECELÃ - Direção e dramaturgia de Paulo Balardim. Com a Cia. Caixa do Elefante Teatro de Bonecos. Teatro do Jockey. Sexta, sábado e domingo, 20h.

    Postado por Lionel Fischer às 11:07

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  2. Eis a visão de um espectador da cidade de Goiania, falando sobre A Tecelã:
    no blog http://totalmenteseculoxviii.blogspot.com/

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